Despertou.
Era uma sala? Os cantos que uniam as paredes eram absurdamente quadrados. Isso é possível? ... algo ser geométrico demais? Não havia luz, exceto por uma janela minúscula - lá no alto. O teto estava tão longe que era quase impossível determinar se ele existia, de fato, mas caso não existisse seria possível ver o céu. Ela não se lembrava do céu.
As obrigatoriedades na pungente relação com a maturidade a cegaram. Os sonhos? Ficaram para depois. Quando era o depois?
Despertou em uma sala com cantos excessivamente geométricos, sem luz, com um teto enigmático. Não lembrava do céu e os sonhos ficaram para depois.
O despertar era corriqueiro - mas logo procurava razões para se distrair da inevitável verdade: perdeu-se.
Ver o mundo parece impossível da atual perspectiva. Abraçar o novo torna-se cada dia mais amedrontador, irresponsável, imensamente amargo.
... Onde foi parar?
Perguntava-se. O tempo inteiro. Mesmo nos breves momentos de falsa alergia - onde foi parar?
O sonho, a predisposição ao artístico, o anseio - O IMPULSO POR VAGAR. Desapareceram. Tomaram o lugar as responsabilidades, a insistente voz na cabeça, o eterno "... e se?".
Adormeceu. Na mesma sala com cantos excessivamente geométricos, sem luz e com o teto enigmático.
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