A janela e ruídos incompletos. Do outro lado, a paisagem perde a cor e ganha ares diferentes. Deste lado, a folha em branco, desejosa por tornar-se esquálida, a nostalgia, o querer e o não poder. É nesse ambiente que, tristemente, devo quebrar promessas feitas em tempos de decepções e perguntas sem resposta.
Antes de tudo, deixo claro que lutei por horas até sentar-me e deixar o lápis levar-me por caminhos desconhecidos. (A mente é um labirinto e cada mísera parte, por mais que repetida, é sempre desconhecida. Cada lembrança assume e ativa desejos diferentes, sendo sempre um deleite relembrá-la. Tudo isso não é comum e traz uma sensação distinta. Um tremor fraco na ponta dos dedos, um estalar diferente na língua.) Lutei para que sua imagem não me voltasse à mente. Mas fracassei.
E como não fracassar quando lá fora o céu escuro contrastando com o verde apagado das árvores me lembra seus olhos? E que esse frio solitário fora outrora desculpa para chegar mais perto de você? E que nós só sabíamos fazer chover? Mas quantas histórias e momentos entrelaçados! Quantas viagens sem sair do lugar...
E a bagunça que éramos, sem direito a joguinhos ou fingimentos. Era a verdade crua. Irrefutavelmente nua. Eram edredons jogados, livros inutilizados no parapeito da janela, canecas espalhadas pelo quarto. Era brincar com as mãos, com os lábios, com os olhos, com o corpo. Éramos nós.
Não achei que desejaria teu corpo junto ao meu novamente. Mas, volta. Volta e faz chover arrepios, gargalhadas, faz chover a paixão delirante e desmedida. Faz iluminar o céu nublado com teu sorriso e tuas piadas sem graça. Faz abrir o sol em mim, como só você sabe. E só.
Vitória
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