"Devora-me, incendeia-me, decifra-me." E assim a poesia se concretizou. Ir ao céu e voltar repetidamente não descreveria o que senti em todas as vezes que desvendou as interrogações que existiam no âmago de tudo o que já fui um dia. Perder-se era algo que outrora pareceu-me vago e que, naquele momento, fez todo o sentido.
Todo o tempo do mundo e nenhum problema passando ao redor. Toda a utopia existente e nenhuma realidade para interromper. Toda a pele, toda a paixão, todo o querer. Nenhuma palavra, nenhum sentido, nenhum disfarce. E teu toque, apressado, sedento e um tanto quanto agressivo estremeceu-me o corpo. Meu inconsciente dividia-se entre te olhar e fechar os olhos para que toda a sensibilidade fugisse para o tato.
Meu suor e tua força, teu desejo e minha vontade, se havia algo mais poético e corporal (ao mesmo tempo) no mundo, éramos nós. Nada a dizer, nada a pensar, tudo a fazer. A aproximação mais verdadeira, a forma mais suave de ser.
Para quê encapsular-me, se tenho a ti? E para quê todo o escapismo, se minha fuga é você? E para quê todo o saudosismo se tudo em mim clama por mais e cada vez sempre?
Fazia frio, mas o verão que tem nas mãos manteve-me aquecida (diria até queimando) por toda a extensão que era possível. Fechei os olhos para, mais uma vez, planar sobre todas as nuvens que já passaram pelos céus. Procurei-te. Arranhei-te. Preencheu-me.
Pesavam-me os pulmões. Livre de qualquer interrogação ou convicção, deixei-me planar. À minha esquerda, teus olhos, tão intensos, fitavam-me. Curiosos, satisfeitos, incansáveis. Suspirei.
Vitória
Será que é sobre o que eu estou pensando? Dona Radar, Dona Radar, seus little radars estão de olho! Beijo, belo texto. (Prudence)
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