Dear nameless,

Três anos. Para ser sincera, não sei porque escrevo essa carta, mas tenho a certeza de que ela será redigida da forma mais simples possível em memória ao que nós fomos, somos e seremos. Em memória aos bons tempos, aos anos de sofrimento e ao sentimento que ainda vive em mim.
Sim, ele vive. Durante esses três anos, lutei incessantemente para que o que sinto por você morresse. Procurei em outros braços aquela sensação de missão cumprida que eu tinha ao ver o fim do dia ao seu lado. Livrei-me de todos os objetos que me lembravam você e tratei de espantar todos aqueles pensamentos traziam a imagem do seu sorriso ao meu pensamento. E, por um tempo, realmente achei que toda essa privação tinha funcionado.
E aí eu te vi. Me privar de te ver por tanto tempo só fez com que todas aquelas borboletas no estômago voltassem em maior número quando aconteceu. Te vi sorrindo de longe, o solzinho fraco da manhã deixando teus olhos esverdeados, olhando pro lado e andando despreocupado. E todo aquele charme inebriou a minha razão. As pernas bambas, o coração acelerado, sem saber o que fazer. E você passou.
Foi quando eu percebi que o tempo foi inútil e que me proibir de pensar em você só fez com que sua essência grudasse mais em mim. E que quanto mais forte ficava o sentimento, mais tempo passava, mais eu me frustrava por não poder ser quem eu queria ser e menos eu sabia externar isso.
E eu percebo porque tudo deu errado. Tantos fatores. Nossas idades, as pessoas de fora, seus princípios e meus medos. Tudo contribuiu para que todos os momentos fossem menores do que a realidade e nós deixássemos de ser "nós". Dói exageradamente saber que a pessoa que você mais ama não pode ser sua.
Eu queria que você soubesse de tanta coisa. Nem as palavras mais bonitas e bem colocadas descreveriam tudo o que eu já quis te dizer, o que eu já quis fazer, o que nós poderíamos ser e como nós poderíamos fazer dar certo.
Tá tudo tão bagunçado pra mim.
Às vezes eu me pego imaginando como seria se tudo fosse diferente. Sem amores antigos, dores passadas, histórias mal resolvidas... Nós teríamos todo o tempo do mundo!
Mas talvez todas as turbulências tenham sido importantes para que eu me tornasse quem sou hoje. A maturidade me permite afirmar com propriedade que é você quem eu quero. Que mesmo depois de todo esse tempo e todas essas tempestades, eu ainda sou sua. E que sempre serei.
Passado todo esse tempo eu me lembro exatamente de como eu senti. De como eu era a garota mais feliz do mundo (e a mais nervosa também) quando eu sabia que iria te ver. De como meu pensamento de menina passava horas fazendo cenas de um futuro impossível onde você era somente meu e nada além disso.
E é engraçado o modo como a sensação gostosa de paisagem amarelada ressurge em mim todas as vezes que eu penso em você. Como vibram as minhas têmporas todas as vezes em que eu me lembro de tudo o que vivemos juntos. Das suas piadas, opiniões conservadoras...
E você voltou.
Não do modo como eu esperava, mas você está novamente em minha vida e parece colocar-se nela de modo mais intenso do que nunca. Por mais que circunstâncias ainda mais sérias nos impeçam de "sermos nós", você tornou-se presente. E está aqui.
Eu, mulher feita, pensamentos formados e vida em construção. Eu, que ainda me sinto criança quando conversamos, que fico sorrindo sozinha por sua causa, que percebo todos os dias o quanto você é insubstituível. Logo eu.
E eu nem sei como e quando terminar essa carta, mas talvez o ensejo seja esse, já que está tudo tão fora de nexo. Eu só queria que você soubesse um pouquinho do que sou quando o assunto é você. E esse é meu escrito mais amador e ainda assim um dos mais sinceros. Cuida bem dele?

Vitória

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