Quem sabe a vida é não sonhar?

 Eu sempre amei o natal. As luzes, as músicas, os filmes, o clima de compaixão que toma as pessoas nessa época do ano. Tudo me atraía no natal. Quando mais nova, passava essa data na casa de uma tia próxima, junto com a família dela. Os pratos eram especiais, tinha uma árvore gigante bem enfeitada e nós fazíamos a refeição da meia-noite juntos, rindo e conversando sobre a vida. O dia seguinte era ainda mais legal, pois tomávamos café da manhã juntos, ainda de pijama, e víamos algum filme jogados em um enorme colchão na sala.

Hoje em dia, tudo mudou. Apesar de eu ainda gostar da época do ano em que ocorre o natal, eu não tenho mais essa animação. O contato com essa tia acabou, as luzes me dão no saco, pensar em um menu especial já não é minha preocupação. Mas, apesar dessa atitude totalmente grinch, quando o dia 24 chega, ele traz consigo uma melancolia esmagadora, que me faz passar o dia chorosa e nostálgica.

Saudade da família reunida, de ver os amigos depois da meia-noite, de ouvir música na sala tomando cerveja, de ir pro estraga-ceia socializar antes de encontrar a família. De tudo aquilo que um dia eu tive. Não há filme de natal que me faça entrar no clima, pois estou o dia inteiro lamentando o que não posso mais ter. 

Como vou estar no natal que vem? Será que essa agonia sem fim vai ter acabado? Será que vou ter entrado num vôo de última hora pra passar um natal diferentão? Será que vou estar tendo o natal em família que eu tanto sinto falta? Não vejo a hora de descobrir - embora ache uma pena eu estar tão focada no futuro sem fazer absolutamente nada para mudar o presente.

O grinch que habita em mim saúda o grinch que habita em você - mas torce, intimamente, para que não habite um grinch em você. É triste demais.


Vitória

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