Entregou-se como quem coloca apenas os pés na água, por medo do frio. Quis fechar os olhos e se deixar levar pela música, mas não o fez. Enrijeceu os músculos, a tensão acometendo-a em cheio. Tudo a impediu de dedicar-se integralmente. Como quem sabe que o fogo pode esquentar, mas também pode queimar; que a água mata a sede mas também pode afogar. Não foi feliz, não enlouqueceu e jamais deu-se ao luxo de sorrir verdadeiramente. Enraizou-se no medo e não pode viver. Mas depois de tudo ela percebeu: nada a aterrorizava mais do que ser solitária.

Um comentário:

  1. A cada linha eu esperava o bendito "mas" que por fim chegou e concluiu com perfeição sua tarefa: a moral sobre essas pequenas coisas da vida em forma de passagens.

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