Independência ou...?

   O barulho dos trovões anuncia uma chuva insana e furiosa que está por vir. Seu prefácio, porém, são alguns pingos gélidos e fracos, que estão tocando as folhas das árvores e aos poucos se vão, rumo a um ciclo que todos nós já conhecemos. A janela fica, aos poucos, salpicada de gotas perdidas que correm rumo ao parapeito da janela. E eu. Sei lá eu.
   Mais uma vez, não sei o que fazer. Não me encontrei, não me satisfiz e não pude reconhecer ainda a essência que eu tanto procuro. Eu consegui fazer tudo o que queria e, no entanto, arde um vazio insistente dentro de mim. Ora, não é para isso que milhões de pessoas lutam diariamente? Para realizar seus sonhos, pouco a pouco e, assim, alcançarem a felicidade? Eu não cheguei ao fim dos meus sonhos mas estou em um ponto perfeito para o sonho que planejei. Porém, algo me falta. Não é amor, pois o tenho da forma que quis e, embora passe por altos e baixos (como todo amor real), ainda o prezo. Não é amizade, pois tenho pingadas afeições que, juntas, se completam. Não é inteligência. Não é caráter. Não é posse. Talvez seja liberdade. Que sei sobre liberdade, todavia? Sei que a tenho mascarada e a chamo de minha com um orgulho patético.
   Rendo-me todos os dias à obrigações que me falseiam o esforço, que me ludibriam com a recompensa periódica. Mas eu as cumpro com tanto pesar! Espero desesperadamente por momentos que julgo serem só meus e, quando chegam, me deixam entediada devido a incerteza. Nunca tenho ciência completa de que estou sendo útil (não para o mundo, mas para mim mesma) e insisto em bradar aos ventos que sou. Que audácia!
   Todos os dias eu busco uma felicidade forçada, um sorriso atuado, o encaixe frustrado em padrões que eu não sei nem se são, de fato, meus. E o vazio permanece.
   Que eu possa, futuramente, achar a peça faltante do quebra-cabeças. Suplico a seja lá quem for. Que eu ache o conforto espiritual, material e referente à liberdade que tanto me entristece. Que eu descanse, livre e liberta, enfim.

Vitória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Talk dirty to me...