Sobre caminhos criativos I

     Inimigos da autoestima criativa: "os monstros históricos são os tijolos que ajudaram a construir suas crenças negativas profundas". O dinheiro, por me pressionar a escolhê-lo mil vezes desde sempre, em prioridade a todos os meus outros desejos. A vida adulta, por ser tão maldosa e cheia de labirintos emocionais, em grande parte existentes pelas pressões exercidas pelo primeiro inimigo. E, por fim, a maior das inimigas: eu mesma. Que entendi, em algum momento, que o que eu amava não me levaria a um fim glorioso e, por isso, me pressionei inúmeras vezes a priorizar o dinheiro e os labirintos da vida adulta.


Quando tudo começou a dar errado

    Era 2014. Os melhores anos da minha vida estavam em seu final - e, claro, eu não sabia disso - e foram incríveis. Os "maçantes" anos escolares estavam acabando, mas eles nunca foram maçantes para mim. Eu colecionava mil histórias de como eu e meus amigos éramos uma mente só, de como fazíamos mil coisas juntos fora de sala de aula e de como eu sabia como ninguém tirar um tempo só para mim. 
    Eu sempre amei escrever. O Fragmento de Solércia, esse lugarzinho aqui - que está hospedado na internet mas, acima de tudo, também no meu coração - traz um apanhado de histórias de uma quase-artista muito exagerada: traz episódios do meu primeiro amor, do segundo e até da última paixão arrebatadora. Traz meus gritos de anseio pela liberdade, lá atrás, quando estar presa nos anos escolares ainda era sinônimo de prisão. Traz meus questionamentos sobre como viver a vida que eu sonhei, após os anos escolares, não era nada do que eu pensava. Aqui tem a primeira vez que eu pensei em estar com outra mulher. Aqui tem as minhas tentativas de escrever contos. Isso aqui sou eu. Escrever sou eu.
    Em 2014 eu precisei decidir o que faria nos próximos 10 anos da minha vida, e isso é o grande responsável por eu ser quem sou. Não me arrependo, pois fiz o melhor que pude com o que tinha disponível (ou é o que eu tento me convencer). O curso que eu fazia na época me trouxe grandes amigos que cultivo até hoje, e era um assunto bom de estudar. Achei que seria incrível trabalhar com aquilo - e foi, por três anos. Os caminhos da vida me trouxeram à profissão que tenho hoje, que é a que eu preciso sair da cama todos os dias para exercer. Como é difícil!
    Eu fiz o que pude?   
    Bom, eu amava escrever - eu sei, já disse isso - mas sabia que não bastava escrever para ganhar um bom dinheiro e viver disso. Eu tinha planos! Trabalhar o quanto pudesse, guardar o máximo que desse e, um dia, quando tudo me cansasse, eu sairia a pé pelo mundo. Bom, a hora do cansaço chegou e, claro, eu não guardei nada. O pesar da vida diária me faz gastar o possível para, nos momentos de lazer, esquecer a prisão dentro de mim.
    Eu podia ter feito jornalismo? O que seria de mim nos dias de hoje? 
    Outro amor surgiu no caminho: a fotografia. Muito embora eu não faça o que posso para dominá-la e exercê-la, eu a amo. É um amor falho, já que eu não o priorizo. Mas escrever sempre esteve ali. Enquanto produzo isso aqui, como tarefa de um livro criativo que estou lendo, as palavras fluem nos meus dedos na mesma velocidade em que as penso, e isso aqui me completa, me faz feliz e me brilha o olhar. Eu amo escrever - não "amava", como disse acima.

Deu errado? e outros talvezes

    Tendo eu feito o que pude com o que me foi disponibilizado: quem eu sou hoje, deu errado? Bom, definitivamente, estar numa posição em que sou, diariamente, traída pelo meu próprio cérebro, talvez seja intuitivo dizer que sim. Mas seria isso apenas um grito de socorro? Em número, eu ainda sou tão jovem! Parece que esse tempo todo eu vivi tanto, que não me sinto assim. Será que ainda dá tempo? Só a ideia de trair a estabilidade me faz sofrer de ansiedade! 
    Talvez... dê tempo?
    Talvez não seja coincidência que, em meus momentos mais sufocantes, eu procuro os textos e após me expressar me sinta tão aliviada. As palavras precisam sair de mim, de alguma forma, para que eu me sinta bem novamente. Estes anos de Solércia explicam tudo e, talvez, até justifiquem.
    Talvez eu consiga explorar novos caminhos sem deixar, necessariamente, o que trilho hoje. 
    Talvez?

A conclusão

    Não temos.

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